Resumo
Esta revisão narrativa analisou criticamente os desafios éticos associados à prática da eutanásia, com foco na tensão entre a autonomia do paciente e os contextos específicos de cuidado. Foram examinados seis estudos publicados entre 2015 e 2025, selecionados a partir da base PubMed, que abordaram a eutanásia em diferentes populações vulneráveis (menores, pacientes com demência, detentos) e sob diversas perspectivas profissionais (enfermagem, cuidados intensivos). A análise revelou que, embora a autonomia seja um princípio bioético fundamental, sua aplicação prática encontra limites significativos em cenários de vulnerabilidade, exigindo critérios rigorosos para garantir decisões éticas. Ademais, destacou-se o papel dos profissionais de saúde como mediadores críticos no processo de tomada de decisão, enfrentando dilemas entre preservar a vida e respeitar a vontade do paciente. A revisão também evidenciou que os quatro princípios bioéticos tradicionais se mostram insuficientes para abarcar toda a complexidade envolvida, indicando a necessidade de abordagens éticas complementares, como a ética do cuidado e da solidariedade. As conclusões apontam para a importância da criação de diretrizes específicas, da formação ética contínua dos profissionais e de novas pesquisas empíricas que aprofundem a compreensão dos impactos da eutanásia nos diversos contextos clínicos.
Referências
BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Principles of Biomedical Ethics. 7. ed. New York: Oxford University Press, 2013.
CLIFTON, S. Disability and the complexity of choice in the ethics of abortion and voluntary euthanasia. The Journal of Medicine and Philosophy, v. 46, n. 4, p. 431-450, 2021. DOI: 10.1093/jmp/jhab008.
CUMAN, G.; GASTMANS, C. Minors and euthanasia: a systematic review of argument-based ethics literature. European Journal of Pediatrics, v. 176, n. 7, p. 837-847, 2017. DOI: 10.1007/s00431-017-2934-8.
ESPERICUETA, L. Euthanasia in detention and the ethics of caring solidarity: a case study of the ‘Tarragona Gunman’. Bioethics, v. 38, n. 8, p. 713-721, 2024. DOI: 10.1111/bioe.13325.
GILLIGAN, C. In a Different Voice: Psychological Theory and Women’s Development. Cambridge: Harvard University Press, 1982.
GROENEWOUD, A. S. et al. The ethics of euthanasia in dementia: a qualitative content analysis of case summaries (2012-2020). Journal of the American Geriatrics Society, v. 70, n. 6, p. 1704-1716, 2022. DOI: 10.1111/jgs.17707.
PESUT, B. et al. Nursing and euthanasia: a narrative review of the nursing ethics literature. Nursing Ethics, v. 27, n. 1, p. 152-167, 2020. DOI: 10.1177/0969733019845127.
RACHELS, J. The End of Life: Euthanasia and Morality. Oxford: Oxford University Press, 1986.
SINGER, P. Practical Ethics. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
TRAPPE, H. J. Ethics in intensive care and euthanasia: with respect to inactivating defibrillators at the end of life in terminally ill patients. Medizinische Klinik, Intensivmedizin und Notfallmedizin, v. 112, n. 3, p. 214-221, 2017. DOI: 10.1007/s00063-015-0119-7.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Journal of Advanced Clinical Implementation and Applied Medical Innovations